quarta-feira, 12 de outubro de 2011

A internet acabou com o (bom) senso crítico?


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Basta entrar na internet pra se deparar com uma vasta quantidade quadrinhos publicados de maneira independente e virtualmente. São títulos para todos os gostos e idades.

É fato: a internet pode ser uma mão na roda para o artista que simplesmente quer mostrar seu trabalho para o mundo. Mas se por um lado a gratuidade acaba por ser a solução de quem não tem como publicar com editora e nem como arcar com os custos de edição, por outro, a facilidade na publicação acaba por banalizar a coisa toda, e por criar uma classe de artistas totalmente descomprometidos com seus leitores: o que consiste basicamente em não se importar com necessidade do leitor em achar qualidade e continuidade em uma obra.

Antes da internet se tornar parte integrante de nossas vidas, a única forma de ter um trabalho publicado era submetendo-o ao julgo de uma editora e cruzar os dedos ( existiam também os fanzines, mas isso é outra historia). O projeto era elaborado, executado e enviado pelo correio (ainda lembra pra que isso serve?). O dito trabalho ia parar nas mãos do bicho papão comedor de fígados: o editor; ele por sua vez, na qualidade de profissional ciente do que funciona ou não para o mercado, aceitava ou não publicar o trabalho. É certo que grande parte desses trabalhos enviados seriam recusados, e quase sempre acompanhados de criticas não muito agradáveis. Mas, ora, ao menos em minha época, fazer parte do mercado era coisa pra adulto mesmo... Mas em fim, o mercado não é o foco aqui.

Essa barreira representada pelo editor era na verdade o que separava os meninos dos homens! O sujeito era rejeitado e nascia nele uma vontade de se provar, melhorar, de evoluir. Então, voltava-se à prancheta de projetos para fazer algo ainda melhor que antes. Esse desejo de evoluir, de melhorar, beneficia não só o autor, mas também o leitor, que tinha em suas mãos trabalhos cada vez melhores. Outra verdade dessa época é que apenas os que de fato queriam fazer quadrinhos sentiam esse desejo de melhorar. Os que apenas brincavam disso, choravam com a mamãe ao serem rejeitados e largavam mão em seguida.

Nos dias de hoje, infelizmente, quase não se encontra mais esse desejo de melhorar, de procurar fazer algo bom. A falta dessa “barreira” na internet acabou com isso. Esse fato se prova ao ver a quantidade imensa de material publicado em sites de fanzines virtuais. Quase nada se aproveita. Eu sei que todo mundo tem um começo. Mas, e o que me diz daquele que depois de muito tempo, continua com a mesma baixa qualidade de sempre? Eu digo: foi aquele que se acostumou a fazer e postar porcaria, que desenha de vez em quando, que nunca finaliza um trabalho. Às vezes eu me pergunto: Se a dinâmica da vida atual, que inclui trabalho e estudo, não lhe deixa tempo pra se dedicar a fazer algo ao menos aceitável, por que começa? Leitor não quer saber, e nem precisa, saber sobre seus problemas pessoais. Ele só precisa do quadrinho pronto para ler. Se não pode cumprir essa proposta, não entre nesse acordo.

Então escutam-se pelo mundo virtual frases como essa: “Ah, mas eu faço esse quadrinho só pra mim, pra me divertir mesmo”
Duas perguntas pra você, jovem:

1- Se é só pra você, porque publica?
2- Só tem graça fazer algo feio e sem qualidade? Não tem graça fazer algo bem feito? O.o

Nos blogs e sites da vida se encontram uma espécie interessante de pseudo-artistas. Esses, pelo fato de 10 ou 20 amigos que insistem em dizer que o trabalho dele está ótimo, que a anatomia grotesca, total despreparo para enquadramento e traço sujo é estilo, se recusam a “mudar” sua arte. Afinal, qualquer um fora do ciclo de amizades que lhe apóiam com certeza tem apenas inveja de suas “artes” (aos desavisados, alerto para o uso de sarcasmo).
Mas será mesmo que a internet acabou com o respeito pela produção de arte seqüencial? Eu diria que não, tenho em vista a quantidade de GENTE ADULTA que usa o recurso da internet muito bem em suas produções. Então, esse texto não teria muito sentido de ser escrito... Eu diria que sim, afinal, todo texto foi feito pra ser lido, e eu o fiz pra os outros, não pra mim.

Aos adolescentes Otakus que sonham em ir pro Japão brincar de Bakumam, que enchem o saco postando paginas aleatórias no Orkut, que entram em discussão de típicos de comunidades... A esses eu só espero que desistam logo e vão chorar com a mamãe, pois por mais cruel que possa parecer, quadrinhos é coisa séria, como toda forma de arte, onde pode se encontrar o prazer e a diversão sem se desvencilhar da qualidade do que se faz. E creio eu que essa nova classe de aparelhos de leitura portáteis que estão aparecendo trarão um novo mercado, e pra esse mercado, apenas os profissionais de verdade terão vez (novidade).

Espero um pouco mais de respeito por parte de quem produz, pois, pra mim a internet está ai pra facilitar o trânsito entre autor e leitor, e não pra incentivar preguiça e descomprometimento (mas claro que essa é uma opinião pessoal que você aceita se quiser).

Aos chatos e críticos de plantão, depois de ler esse texto eu digo: Acima de tudo, se o quadrinho não for bom, simplesmente NÃO LEIA!

Obrigado a todos por lerem, e nos vemos na próxima.

POR> TAY

5 Pitacos gêniais:

Anônimo disse...

gostei do texto. parabems

Anônimo disse...

seja menos "critico" quando estiver "criticando" quem "critica", ou sera incluso como exemplo de seu texto..."critico" meu caro

igor/Otaku disse...

eu gostei do texto. O.o

Anônimo disse...

O que esse povo precisa é de um filtro,sempre que alguém monta um site pra divulgar acaba confundindo qualidade com quantidade o resultado é um monte de historias mal-feitas cujo os capítulos são publicados de forma irregular.

Mr.Wong disse...

Realmente não tenho muito o q comentar pois tudo foi dito nesse belo texto...

"Essa barreira representada pelo editor era na verdade o que separava os meninos dos homens!"

Inclusive adorei a frase de cima rsrs
Parabéns Tay, e assim como axistem várias pessoas com preguiça de desenhar ou querer aprender, axistem varios q ao invés de LÊR preferem escrever besteitas nos twiiters e facebooks da vida ¬¬

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