quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Matérias e pensamentos


A polêmica dos quadrinhos nas mídias sociais.



Como avaliar uma Historia em Quadrinhos

estava eu mais uma vez a passear pela "grande Rede", encontrei algo interessante sobre como avaliar uma historia em quadrinhos; o que é necessário saber na hora de fazer uma critica ou apresentar uma historia pra avaliação. Achei interessante por que é uma matéria bem objetiva e de fácil compreensão, além de serem opiniões de quem trabalha com quadrinhos no estilo mangá há anos. Bem, deixemos de "bolodorios" e vamos ao conteudo:

"Seja num concurso ou seja para apresentar um trabalho para uma editora, existem alguns itens essenciais que são objeto de avaliação tanto de um júri como de um editor. Aqui vão os itens que são avaliados numa história em quadrinhos:

1. Arte e acabamento - a qualidade do traço e a perícia do desenhista em fazer arte-final são essenciais. Um bom traço faz muita diferença e sempre se destaca. É importante não confundir falhas anatômicas com estilo e usar isso como desculpa para não se aprimorar. A pessoa que estiver avaliando não será boazinha nesse ponto e o mesmo se diz do acabamento; embora um traço seja diferente, nota-se rapidamente quando um desenhista não tem domínio com a tinta. O cuidado no acabamento diz muito do artista. Nesse quesito também entra o domínio na aplicação de retícula. A tinta deve estar em harmonia com o traço e a retícula tem que estar equilibrada com esta arte, por sua vez;

2. Composição de cena - o modo como as cenas são desenhadas e os ângulos escolhidos influenciam muito na narrativa. Nesse quesito entram os cenários e efeitos psicológicos aplicados na cena;

3. Diagramação - o tipo de diagramação da página deve ser harmônico com a arte e a temática da história. Saber usar o enquadramento certo é vital;

4. Linha narrativa - As cenas, em narrativa gráfica, tem uma sequência lógica. O continuísmo das cenas é muito importante para que a narrativa funcione e o leitor seja capaz de compreender as ações que passam diante de seus olhos;

5. Qualidade dos diálogos - aí se avalia o tempo de narrativa e o ritmo dela. Também é observado se a história está bem estruturada, sem furos de roteiro e com total compreensão desta por parte do leitor. A naturalidade dos diálogos é vital assim como o tempo gasto nas frases, por exemplo: ninguém diz um monólogo enorme num quadro onde a personagem está dando um golpe de espada, os tempos de ação e fala são divergentes. Não se deve esquecer que a gramática também é levada em conta;

6. Criatividade - nada de copiar séries famosas, imitar personagens ou o tipo de traço de outro desenhista. Isso pode constituir plágio, em alguns casos, e nunca pega bem. Existe uma diferença bem grande entre influência e cópia. Pode-se usar um tema universal, mas a maneira como se contará a história deve ser sempre o mais criativa possível;

7. Temática – a história deve focar num tema que deve ser desenvolvido para os leitores. Quanto mais universal for seu tema, maior a chance de abarcar um público maior (por universal se entende um tema que pode ser compreendido por qualquer pessoa que ler sua história). Mesmo quando se escreve para um público mais específico, a história só tem sustentabilidade se desenvolver bem um tema;

8. Gancho - a história deve ser capaz de prender o leitor e para isso deve ter uma narrativa envolvente.

Esses são os tópicos principais para a avaliação de uma história."

Fonte: blog do studio Seasons: http://blog.studio.seasons.nom.br/

Obrigado por ler ^^


Mangá com enredo nacional: isso é possível?

Há muito tempo eu gostaria de abordar esse assunto.Chegou a hora. Quando eu pergunto se é possível haver um "Mangá com enredo nacional", eu me refiro a possibilidade de uma obra tendo ambientação nacional e um plano de fundo com elementos de nossa própria cultura ( que é tão rica).

Certa vez, em uma comunidade de fanzineiros, eu cogitei essa possibilidade. Fui por demais questionado ( em alguns casos ridicularizado até). Pessoas afirmavam que nunca um mangá poderia ter sucesso com uma estrutura baseada completamente em nossa cultura. Eu quis saber o por que disso: muita gente alegou que nossa cultura não tem elementos que funcionariam na trama de um mangá, e que por isso os japoneses eram tão bem sucedidos, por terem a "sorte" de ter uma cultura tão "trabalhavel" no que diz respeito a mangá.

Muito bem, abordemos um pouco sobre os próprios japoneses pra que meu ponto de vista fique mais claro.
Os japoneses (como eu e muitos outros artistas)viram o quão rica era sua cultura, e como seria vantajoso fazer quadrinhos em cima dela própria. Porém, ao contrario do que muitos "japaniacos" pensam, a visão que eles próprios tem hoje sobre samurais,ninjas e shinigamis serem algo tao "legal" e atrativo, não era bem assim antes da começarem a ser retratadas em mangás.

essas pessoas precisam saber é que o fato de ninjas, shinigamis e CIA serem um fenômeno entres os jovens em todo o mundo, nada mais é que o resultado do trabalho de inúmeros grandes mestres dos quadrinhos japoneses sucedendo o grande Osamu tezuka, que propriamente definiu o que seria o estilo de fazer mangá. Eles, à longo prazo, trabalharam aqueles elementos de maneira a torna-los mais "esteticamente" atrativos aos olhos do publico alvo. Acredito que aqui no Brasil também seria possível algo assim. Porém, a desistência de poucos que se dispunham a trabalhar em cima disso, devido a rápida recusa do publico ( por ignorar o pequeno fato de que o trabalho dos japoneses para tornar os elementos de sua cultura atrativos levou décadas, e não alguns breves anos como alguns acreditam e desejam) acabam por dar mais força a essa maldita teoria de que uma obra com teor nacional nunca fará sucesso.




OLHANDO MELHOR PARA NOSSOS HEROIS.

Como eu já disse: foi um trabalho árduo de anos que fez com que elementos de cultura japonesa se tornasse tão atrativo. agora, o que é bem esse "trabalho"?
É o uso da criatividade pra mesclar verdade e fantasia; datas historicas e inventadas. Ou vocês, JAPANIACOS, acham mesmo que no japão feldal, os ninjas soltavam fogo pela boca e lutavam saltando sobre arvores? (¬¬)

O que eu já vi acontecer muito aqui, é o fato de muitas pessoas abordarem um tema nacional de maneira tão crua e seca, que logo aquilo se torna massante de se ler.
ALôôô!!! Um trabalho em quadrinhos, independente de ser mangá ou outro genero, tem que ser divertido e prazeroso de se ler; e não um documentário.

"sobre isso, vai um pequeno recado aos que se dizem AUTORES: Não culpem a nossa cultura por sua propria incompetencia e falta de criatividade.

A nossa cultura é rica e diversificada, cheia de lendas, batalhas históricas, tramas mirabolantes, intrigas e cenários fantasmagóricos. Porém, como eu já disse, é necessário um tantinho de inteligencia, bom senso, e sobre tudo, CRIATIVIDADE na hora de abordar tais temas.

terminando essa parte, eu me atrevo a dizer que "até um cangaceiro e o escravo, depois de anos de trabalho árduo, competente e perseverante pode vir a ser o herói de uma "criancinha" não apenas aqui, como em outras partes do mundo".


VOLTANDO AOS "JAPANIACOS".


Pra falar do pouco sucesso de produções nacionais, não podemos olhar apenas o lado de quem produz, pois em momento algum estou dizendo que apenas essa classe tem alguma culpa. Tem que se ver o lado de quem LÊ.

As vezes, alguém vai em uma banca, ou comic shop e se depara com um material nacional, porem, só de ver o termo "nacional" é como o diabo vendo a cruz. Não se dá ao trabalho nem de folear o dito trabalho. Quanto a isso, só o que se pode esperar é que esses JAPANIACOS de plantão abram um pouco a mente, pois mangá é apenas um gênero de quadrinhos criado no japão, e não um certificado de que historia boa tem que vir de lá( ou até, se passar lá).

Fique sabendo que antes de você,jovem JAPANIACO, os próprios japoneses são os grandes consumidores de seus próprios trabalhos, e conseqüentemente, de sua própria cultura.

Se isso ocorre lá, por que não pode ocorrer aqui também? Em que eles são melhores ou mais elevados espiritual ou mentalmente que nós? Creio que seja apenas uma questão de abrir um pouco mais a cabeça (essa é minha opinião pessoal).

Dê uma chanse: você pode ter uma obra prima nas mãos e não saber ( um pouco radical, mais fazer o que.)



Bem... É isso ai! Breve mais pontos de vista sobre esse assunto. Abraços-Grupo Inova-x ^^



E agora, senhor "Japaníaco", o que dirá? (Anime ambientado no Brasil!!!)

Bem,não é segredo pra ninguém a minha defesa e busca por uma obra no estilo mangá ambientada ou com elementos brasileiros. pois bem, sempre que exponho esse ponto de vista (desejo) em qualquer lugar que seja, sempre aparecem aqueles que já conhecemos por "japaníacos".

Basicamente, Japaníaco é aquele radical que acha que toda e qualquer obra relacionada ao estilo narrativo e gráfico de animes e mangás obrigatoriamente tem de ser oriundo do japão, ignorando por completo qualquer obra (boa ou não) que tenha origem em outro lugar que não seja a terra do sol nascente. mas bem, não é sobre isso que quero falar aqui.

esses "fulanos" geralmente apresentam o mesmo argumento: "- ah... o brasil não tem conteúdo bom pra isso. a temática da vida cotidiana ( ou o que diga respeito a crença e folclore) não se enquadraria bem no estilo narrativo dos mangás e animes. ficaria algo ate ridículo e bla bla bla..."
isso quando essa pessoa nao vem com o clássico exemplo: "- cara... já imaginou um mangá com o saci como protagonista? que ridículo! (como se o brasil fosse um país habitado por sacis apenas ¬¬)

voltando: sempre me perguntei se essa implicância em relação a historias com temática brasileira se devia apenas ao fato de " ser temática brasileira", ou porque a historia em si era feita "por brasileiros"... pois bem, eu sou da opinião de que se trata da 2° opção (infelizmente).
sempre cogitei como seria se do nada um grupo japonês aparecesse com um trabalho construído em cima da temática brasuka; como esses radicais iriam reagir; se entrariam em conflito interno por terem na sua frente uma obra ambientada no brasil ( ekaaaa) feita pelos seus tão idolatrados japoneses (ebbbbbbbaaaaaa *-*).

pois bem, o momento de tirar essa duvida chegou. um amigo me enviou um trailer do que parece ser um anime ambientado no brasil. isso mesmo! você não leu errado: eu disse UM ANIME AMBIENTADO NO BRASIL!
trata-se de Michiko to Hatchin. Um anime Realizado pelo estúdio Manglobe, os mesmos criadores de Cowboy Bebop e Samurai Champloo. Michiko to Hatchin chamou a atenção por um motivo muito claro (e, se você ainda não percebeu, dê uma pausa nos 00:34 do trailer abaixo): sim, isso mesmo, a série é baseada no Brasil( ou “um país cheio de luz, em um ponto onde a lei não chega”… ), mais especificamente em uma favela típica do Rio de Janeiro! Sim, isso mesmo, Michiko to Hatchin é um anime com ambientação e personagens inspirados no Brasil!
pelo o que pude ver até agora, parece ser uma obra tão boa quanto as antecessoras do mesmo estúdio.
pode ser que não seja uma obra fiel aos parâmetros da cultura brasileira atual. porém, é como eu abordei em outro tópico: "uma obra ambientada em uma determinada cultura, não precisa ter um teor de documentário pra ser sucesso". as pessoas querem ser entretidas, e não dormirem em quanto lêem ou vêem uma obra (¬¬). acho que já é um grande passo uma obra ambientada aqui, mesmo que feita pelos japoneses (não tenho nada contra eles, apenas contra os japaniacos). acho que isso chamará a atenção pra a produção ( independe de onde seja a produtora) de material feito em cima de nossa cultura... nosso modo de vida.

e agora vem a grande pergunta: E agora, senhor Japaníaco, o que dirá? continuará com sua opinião de que brasil não nasceu pra ser retratado em quadrinhos ou animes, ou se revelará um ótimo hipócrita, passando a apoiar a idéia desse trabalho baseado no brasil, apenas por que foi feito por japoneses? hã??? O.o

devo finalizar dizendo que: se você, jovem japaníaco, começar a vangloriar essa obra, não pelo valor da obra em si, mas apenas porque é feita por japoneses, estará afirmando que somos um povo tão incompetentes, que precisamos que outros povos contem nossas historias por não sermos capazes de fazer isso nós mesmos. (PS: incompetente é você ¬¬!!!)

(independente de tudo dito acima, procurem ver esse anime e tirar suas conclusões próprias) valeu!!!!




algumas imagens interessantes do anime:









Dez coisas ( negativas) que aprendi sendo fanzineiro.
1
- Se sua mãe e a galerinha do colégio dizem que seus desenhos estão bons, é so disso que você precisa.

2 - Aquela alma caridosa que vem de dar uns toques de como MELHORAR um pouco não deve ser ouvida pois provavelmente está com inveja (mesmo que ele trabalhe com isso).

3 - Mangá só é mangá se for lido de trás pra frente.

4 - Mangás podem ter historias ambientadas no brasil, desde que tenham um ichigo( espaço anexo pra um sobre nome qualquer) como protagonista( lógico!).

5 - Ninja é legal; índio é banal.

6 - Qualquer obra (nacional) que eu veja nas prateleiras com certeza é ruim.

7 - Tudo está bem se eu puder trolar na comunidade de desenhista de mangá ( ou semelhantes).

8 - Pra que melhorar se eu posso rir de quem é pior?

9 - O japão deveria ser aqui...

10 - Se não teve boa aceitação instantânea e meteórica, desista, afinal seu mangá era bom, os leitores é que não estavam preparados ^^.



Porque não desenhar de graça?


Esses dias, um amigo me passou um texto que particularmente gostei muito. Achei que seria interessante repassar esse texto, pois mexe com o interesse de muitos que frequentam esse Blog:
"O desejo de ver seu trabalho sendo devidamente reconhecido"

Pois bem, vamos ao texto:
( ps: a autoria desse texto é do ilustrador Hiro)



Todo mundo já ganhou uma caixa de lápis de cor ou um jogo de lápis de cera quando criança e desandou a desenhar os pais, monstros, o cachorro e o que passa na TV. Gastou uma floresta em cadernos de desenho e várias paredes tentando expressar sua criatividade.

Isso faz do desenhista o primeiro ensaio de profissão que uma criança pode ter, tanto quanto ser um jogador de futebol (virar médico por causa da prima não conta).

Portanto, é natural que todo ilustrador tenha uma paixão natural pelo seu trabalho.
Quem era desenhista e virou ilustrador é porque ou teve um talento nato ou desenvolveu com a prática, mas sempre teve um motivador que percebeu que tinha o poder de criar algo com a mente e as mãos.

Se você resolveu ganhar a vida com o dom do traço, com certeza passou por alguns micos na família e entre amigos. “Você vai morrer de fome”, ou “vai vender desenho na Praça da República”, ou “Seu irmão é quem deu certo, virou advogado”. Você vai conhecer um ou outro que foi abandonado pela namorada porque achava que ele não tinha futuro, que ia acabar com o cabelo sebento, com um bloco de desenho e um vira-latas amarrado com barbante, deitado no meio da sarjeta. Mesmo assim foi em frente, mesmo com o mundo apostando as fichas em outro cavalo.

Sou ilustrador e não desisto nunca

Nunca vi um ilustrador que desenhasse por obrigação ou só para pagar as contas. Nunca vi um ilustrador que ficasse olhando o relógio a cada 5 minutos na expectativa de chegar as 6 da tarde e ir embora correndo pra casa. Todo ilustrador tem uma característica: tem uma paixão pelo que faz.

E por que não me refiro mais como desenhistas, mas sim como ilustradores?

O desenhista desenha por pura paixão. Dá um rim porque acredita no que está fazendo.

O ilustrador também desenha por paixão. Mas ao contrário do desenhista, ele vira profissional.

E ser profissional não é simplesmente ganhar dinheiro com desenho. Primeiro grande erro que a maioria dos desenhistas têm.
O ilustrador têm que ganhar dinheiro sim, e isso se torna uma relação comercial. São negócios. O ilustrador vira um comerciante de si mesmo, vende o que tem de melhor que é seu talento.

O ilustrador segue regras. Simples assim.

Regras comerciais (entre ele e o cliente) , regras contábeis e financeiras (passar nota e administrar a grana), regras legais (saber seus direitos e deveres perante a lei), regras pessoais (para não desvirtuar do que acredita) e regras éticas (para ter uma coerência com toda a classe dos ilustradores).

Se não segue regras e desenha o que quer, por que quer e não consegue argumentar com o cliente, então desculpe, tá confundindo arte com negócios.

E um dos maiores erros que vejo por aí é a terrível combinação de talento + insegurança pessoal + picaretagem dando frutos monstruosos.

Isso gera gente que pede desenho de graça. E gente que aceita fazer isso.

Uma coisa é sua namorada ou sua tia pedindo um desenho pro cartão de aniversário da irmã.

Outra coisa é um empresário que pede uma ilustração de graça (ou para teste) com as mais variadas desculpas. As mais famosas são:
“Seu trabalho vai ter uma divulgação tremenda”.
“É bom pro seu portfólio”.
e a mais famigerada: “Esse é de graça, mas depois você vai ter outros bem remunerados”.
“É um trabalho de risco, se for aprovado você ganha”.
Tem uns mais indecentes que dizem simplesmente “Se não fizer, tem gente que faz”.

Pois bem. Acho que nesse ponto eu tenho alguma autoridade pra dizer que isso é a mais pútrida e cadavérica mentira.
Trabalhei mais de 10 anos numa grande agência fazendo o papel duplo de diretor de arte e iustrador. E nesse período, fiz o trabalho também do que hoje se chama “art buyer”, ou seja, contratava ilustradores e fotógrafos para alguns trabalhos.

E eu posso dizer com certeza:
• Nenhum trabalho garante que outros trabalhos virão por causa dele.
• A divulgação é uma conseqüência natural do seu trabalho, é como dizer para um barbeiro que não vai pagar o corte porque vai divulgá-lo por aí.
• Quem é a anta que disse que ilustrador precisa de material publicado para colocar no portfólio?

Primeira coisa que deve ser lembrada, ó desenhista desesperado por atenção e do vil metal para dar estímulo à carreira:
O que você vai dar de graça vai ajudar o lamuriante picareta a ganhar dinheiro. Seja em embalagem, anúncio, revista, tatuagem, o que for. Ele vai ganhar dinheiro e você não!

Isso é uma afronta, uma ofensa profissional e um desrespeito pessoal.
Você não sai na sorveteria pedindo um sorvete de graça prometendo comprar um monte na próxima vez, certo? Nem pede pra cortar o cabelo de graça pra você fazer divulgação do salão. Nem pede pro marceneiro fazer um armário de graça para ele colocar no portfólio.
Mas por que pedem isso pro desenhista?
Por que ele não liga, desenha com paixão e faz rapidinho…na verdade estão fazendo um favor pra ele.

Acontece algo parecido com os médicos.
Qualquer médico em uma festa é interpelado uma ou duas vezes por um gaiato que quer um diagnóstico na hora mostrando um furúnculo na bunda enquanto segura um copo de vinho.
Já que está ali, vamos aproveitar.
Mas pelo que eu sei, a maioria dos médicos já cortam o barato no meio. Dá o cartão e pedem pra passar amanhã no consultório.

Desenhistas deveriam ter a mesma postura.
Isso é necessário para ter uma integridade pessoal e financeira para o ilustrador, e principalmente, para todos os ilustradores.
A regra é simples: Se existem pessoas que pedem isso é porque existem pessoas que o fazem.
E não trazem leite pra casa, mas algumas promessas e um punhado de feijões mágicos.

Abrindo as portas da percepção

Eu já passei por isso. No começo da minha carreira como autônomo, inseguro, perdido e ingênuo como coelho Tambor, aceitei um trabalho de risco, ainda mais porque era amigo de um amigo meu que não vejo há anos.
Quando vi o quanto o cara ganhou com meu trabalho e vi que toda dor e lágrimas que me passaram eram falsas como as promessas, minha barriga doeu de raiva e indignação. A partir daquilo nunca mais.

Existem situações mesmo em grandes agências onde me pedem um “trabalho de risco”. Ou mais descaradamente, “precisamos de um desenho para layout da campanha que ainda vai ser aprovada”. Não é coisa vinda de um Zé Ruela da esquina.
Mesmo dizendo que tenho uma tabela de valores para ilustrações para layouts, sem aprovação do job, há aqueles insapientes que insistem na “filosofia do risco”.

Recuse e recuse com orgulho. É estupro profissional e pessoal, sua auto-estima vai ficar no nível da sola do pé com o tempo.

Não existem exceções? Claro que existem, mas são raras e tem critérios muito pessoais. Pra fins beneficentes, por exemplo. Nem encaro como risco, mas como doação mesmo. E pára por aí.

Recebo todos os dias pedidos de trabalho de graça, de ongs, de cultos religiosos, de escolas, de empresas falimentares, de meninas mimadas, de editoras sem noção, de tudo quanto é tipo.
Para estes, ignorá-los não se tornou apenas uma opção, virou uma necessidade.

O Efeito Borboleta

Só pra entenderem o que isso causa, há 20 anos os valores pagos por ilustração eram bem diferentes. Tudo bem que antes não existia computador e tudo era feito na raça, mas a relação entre valor e direito de uso de imagens não mudou.

A diferença é gritante, principalmente no meio editorial. Uma ilustração de página dupla que hoje sai por uns R$600,00 antes era o dobro do valor, e até mais do que isso. O achatamento dos valores foi progressivo até chegar o que é hoje. E sabe o que é pior? O achatamento não parou por aí. Vai continuar até chegar na espessura de uma panqueca. E, se isso acontece em uma das maiores editoras do Brasil, imagine o que não acontece nas Boca-de-Porco Publishings?

Cheguei a pegar uma época em que ser ilustrador era sinônimo de ser rico, sem exageros. Ganhava-se muito bem, e foi um dos motivadores de eu largar a Biologia pela Ilustração. Não me arrependi de ter feito a troca, mas fico triste e ensandecido quando vejo o respeito financeiro que a ilustração vem tomando no Brasil, o suficiente para cogitar a possibilidade de trocar de país.

Até mesmo Cacilda Becker, cansada de receber pedidos de convites de graça das suas peças de teatro, grudou um recado no vidro da bilheteria dizendo: “Não me peça de graça a única coisa que tenho pra vender”.

Autor: Hiro


Link do texto original: http://www.monicafuchs.com.br/site/?p=445

CAMPANHA: 2X É MELHOR!


Eu sempre ouvi relatos no meio editorial sobre obras nacionais que simplesmente encalhavam nas prateleiras das bancas e livrarias. Os motivos são os mais diversos: Recusa do público devido a baixa qualidade (em todos os aspectos da obra) do produto em questão; Desconhecimento do publico em relação ao produto, devido a um trabalho de divulgação ineficiente. E o motivo que venho abordar aqui: falta de interesse, puro e simples, do público em relação a se "aventurar no novo"!

Quanto a esse ultimo motivo, eu pensei por algum tempo. as vezes,uma obra BOA de fato, pode simplesmente ser um fracasso de vendas apenas por que o pequeno contingente de leitores "desbravadores" não foi o suficiente pra alcançar as metas de vendas, e assim, pagar as continhas da produção.
Pra esse pequeno numero de leitores que estão sempre se aventurando a procura de coisas novas, vai o meu parabéns! Vocês fazem a SUA parte.
Para esses que não compram nada a não ser que meio mundo tenha lhe dado a certeza de que de fato aquilo é BOM, não digo nada, pois o dinheiro é seu e você faz dele o que bem entender.

Então, povo desbravador, infelizmente cabe a vocês a tarefa de ajudar ainda mais esse mercado a "nascer". Sei que é pouco de mais pedir pra que façam além do que já fazem. Porém,sinto que devo fazer isso! Não se trata de muito: quando encontrar uma obra que você ache que vale a pena, compre duas, uma pra você e outra pra presentear alguém. Sei que pode parecer descabido sugerir algo assim, mas veja dessa forma: é um pequeno preço a se pagar, tendo em vista as obras de qualidade que podem aparecer pra você, caso esse mercado "fantasma" consiga tomar fôlego e sustentar-se com as próprias pernas depois dessa ação de incentivo praticada por vocês, público que se aventura no novo. Fazendo isso, vocês estariam duplicando as vendas, e talvez, assim, certas obras conseguissem o devido reconhecimento, ao invés de simplesmente morrerem sem sequer ter tido um lugar ao sol ( por que ninguém vai chegar aqui pra dizer na minha cara que em todo esse tempo de quadrinho nacional, nunca saiu nada que preste, de fato ¬¬).

Só mais uma coisinha: uma das coisas que matam um artista é esse silencio que o publico mantem. Converse com seu autor. Mande emails. Diga o que você gostou e o que não gostou. Mostre a direção a ele. Afinal, você é o leitor. Ninguém sabe mais o que seria bom pra se ler do que você próprio ¬¬. Não espere que ninguém já apareça como um mestre dos quadrinhos com uma obra prima em mãos prontinha pra ser lida. Participe. Opine. Faça sua parte.

Em fim... É isso. É o que eu acho, e independente de ser ouvido ou não, farei minha parte, pois ainda tenho esperança.


Campanha :Divulgando o HQ pra não iniciados.


Aderindo a um movimento iniciado por uma campanha no blog do Alexandre Nagado ( campanha criada pelo próprio),resolvi dar uma força, postando tal campanha aqui também.
Essa campanha consiste no seguinte:

Com o intuito de divulgar o HQ, aumentar seu poder de alcance e também o seu publico, o Alexandre Nagado, usando de toda sua experiência no meio, resolveu criar uma HQ com função didática destinada ao publico que ainda não lê ou simpatiza com o bom e velho HQ.
Exato!É essa mesmo que você vê acima!

Basicamente, a idéia é repassar essa pequena HQ pra o máximo de contatos, não só na internet como pessoalmente, usando de artifícios como impressão ( visto que é uma HQ muito pequena, de apenas uma pagina) e etc.
Você faz a sua parte salvando e repassando essa HQ pra algum amigo ou amiga que não seja iniciado no mundo das historias em quadrinhos e só, deixe que a mensagem da HQ faça o resto sozinha. Faça sua parte pra melhorar a visão que muitos tem sobre HQ. Mostre que HQ não é nada além de uma forma de entretenimento como todas as outras.

PS: você também pode baixar a HQ em pdf com alta qualidade aqui>>http://www.sendspace.com/file/2u
(caso queira imprimir e colar em qualquer lugar que muitas pessoas possam ver...e se possível ate LER)

e tambem o link do blog do Alexandre Nagado pra você ver na integra os detalhes sobre essa campanha:http://nagado.blogspot.com/2010/08/divulgando-hq-para-nao-iniciados.html
Obrigado por ler ^^



Inova-x ^^

Papo de Desenheiro