Esses dias, um amigo me passou um texto que particularmente gostei muito. Achei que seria interessante repassar esse texto, pois mexe com o interesse de muitos que frequentam esse Blog:"O desejo de ver seu trabalho sendo devidamente reconhecido"Pois bem, vamos ao texto:( ps: a autoria desse texto é do ilustrador Hiro)Todo mundo já ganhou uma caixa de lápis de cor ou um jogo de lápis de cera quando criança e desandou a desenhar os pais, monstros, o cachorro e o que passa na TV. Gastou uma floresta em cadernos de desenho e várias paredes tentando expressar sua criatividade.
Isso faz do desenhista o primeiro ensaio de profissão que uma criança pode ter, tanto quanto ser um jogador de futebol (virar médico por causa da prima não conta).
Portanto, é natural que todo ilustrador tenha uma paixão natural pelo seu trabalho.
Quem era desenhista e virou ilustrador é porque ou teve um talento nato ou desenvolveu com a prática, mas sempre teve um motivador que percebeu que tinha o poder de criar algo com a mente e as mãos.
Se você resolveu ganhar a vida com o dom do traço, com certeza passou por alguns micos na família e entre amigos. “Você vai morrer de fome”, ou “vai vender desenho na Praça da República”, ou “Seu irmão é quem deu certo, virou advogado”. Você vai conhecer um ou outro que foi abandonado pela namorada porque achava que ele não tinha futuro, que ia acabar com o cabelo sebento, com um bloco de desenho e um vira-latas amarrado com barbante, deitado no meio da sarjeta. Mesmo assim foi em frente, mesmo com o mundo apostando as fichas em outro cavalo.
Sou ilustrador e não desisto nunca
Nunca vi um ilustrador que desenhasse por obrigação ou só para pagar as contas. Nunca vi um ilustrador que ficasse olhando o relógio a cada 5 minutos na expectativa de chegar as 6 da tarde e ir embora correndo pra casa. Todo ilustrador tem uma característica: tem uma paixão pelo que faz.
E por que não me refiro mais como desenhistas, mas sim como ilustradores?
O desenhista desenha por pura paixão. Dá um rim porque acredita no que está fazendo.
O ilustrador também desenha por paixão. Mas ao contrário do desenhista, ele vira profissional.
E ser profissional não é simplesmente ganhar dinheiro com desenho. Primeiro grande erro que a maioria dos desenhistas têm.
O ilustrador têm que ganhar dinheiro sim, e isso se torna uma relação comercial. São negócios. O ilustrador vira um comerciante de si mesmo, vende o que tem de melhor que é seu talento.
O ilustrador segue regras. Simples assim.
Regras comerciais (entre ele e o cliente) , regras contábeis e financeiras (passar nota e administrar a grana), regras legais (saber seus direitos e deveres perante a lei), regras pessoais (para não desvirtuar do que acredita) e regras éticas (para ter uma coerência com toda a classe dos ilustradores).
Se não segue regras e desenha o que quer, por que quer e não consegue argumentar com o cliente, então desculpe, tá confundindo arte com negócios.
E um dos maiores erros que vejo por aí é a terrível combinação de talento + insegurança pessoal + picaretagem dando frutos monstruosos.
Isso gera gente que pede desenho de graça. E gente que aceita fazer isso.
Uma coisa é sua namorada ou sua tia pedindo um desenho pro cartão de aniversário da irmã.
Outra coisa é um empresário que pede uma ilustração de graça (ou para teste) com as mais variadas desculpas. As mais famosas são:
“Seu trabalho vai ter uma divulgação tremenda”.
“É bom pro seu portfólio”.
e a mais famigerada: “Esse é de graça, mas depois você vai ter outros bem remunerados”.
“É um trabalho de risco, se for aprovado você ganha”.
Tem uns mais indecentes que dizem simplesmente “Se não fizer, tem gente que faz”.
Pois bem. Acho que nesse ponto eu tenho alguma autoridade pra dizer que isso é a mais pútrida e cadavérica mentira.
Trabalhei mais de 10 anos numa grande agência fazendo o papel duplo de diretor de arte e iustrador. E nesse período, fiz o trabalho também do que hoje se chama “art buyer”, ou seja, contratava ilustradores e fotógrafos para alguns trabalhos.
E eu posso dizer com certeza:
• Nenhum trabalho garante que outros trabalhos virão por causa dele.
• A divulgação é uma conseqüência natural do seu trabalho, é como dizer para um barbeiro que não vai pagar o corte porque vai divulgá-lo por aí.
• Quem é a anta que disse que ilustrador precisa de material publicado para colocar no portfólio?
Primeira coisa que deve ser lembrada, ó desenhista desesperado por atenção e do vil metal para dar estímulo à carreira:
O que você vai dar de graça vai ajudar o lamuriante picareta a ganhar dinheiro. Seja em embalagem, anúncio, revista, tatuagem, o que for. Ele vai ganhar dinheiro e você não!
Isso é uma afronta, uma ofensa profissional e um desrespeito pessoal.
Você não sai na sorveteria pedindo um sorvete de graça prometendo comprar um monte na próxima vez, certo? Nem pede pra cortar o cabelo de graça pra você fazer divulgação do salão. Nem pede pro marceneiro fazer um armário de graça para ele colocar no portfólio.
Mas por que pedem isso pro desenhista?
Por que ele não liga, desenha com paixão e faz rapidinho…na verdade estão fazendo um favor pra ele.
Acontece algo parecido com os médicos.
Qualquer médico em uma festa é interpelado uma ou duas vezes por um gaiato que quer um diagnóstico na hora mostrando um furúnculo na bunda enquanto segura um copo de vinho.
Já que está ali, vamos aproveitar.
Mas pelo que eu sei, a maioria dos médicos já cortam o barato no meio. Dá o cartão e pedem pra passar amanhã no consultório.
Desenhistas deveriam ter a mesma postura.
Isso é necessário para ter uma integridade pessoal e financeira para o ilustrador, e principalmente, para todos os ilustradores.
A regra é simples: Se existem pessoas que pedem isso é porque existem pessoas que o fazem.
E não trazem leite pra casa, mas algumas promessas e um punhado de feijões mágicos.
Abrindo as portas da percepção
Eu já passei por isso. No começo da minha carreira como autônomo, inseguro, perdido e ingênuo como coelho Tambor, aceitei um trabalho de risco, ainda mais porque era amigo de um amigo meu que não vejo há anos.
Quando vi o quanto o cara ganhou com meu trabalho e vi que toda dor e lágrimas que me passaram eram falsas como as promessas, minha barriga doeu de raiva e indignação. A partir daquilo nunca mais.
Existem situações mesmo em grandes agências onde me pedem um “trabalho de risco”. Ou mais descaradamente, “precisamos de um desenho para layout da campanha que ainda vai ser aprovada”. Não é coisa vinda de um Zé Ruela da esquina.
Mesmo dizendo que tenho uma tabela de valores para ilustrações para layouts, sem aprovação do job, há aqueles insapientes que insistem na “filosofia do risco”.
Recuse e recuse com orgulho. É estupro profissional e pessoal, sua auto-estima vai ficar no nível da sola do pé com o tempo.
Não existem exceções? Claro que existem, mas são raras e tem critérios muito pessoais. Pra fins beneficentes, por exemplo. Nem encaro como risco, mas como doação mesmo. E pára por aí.
Recebo todos os dias pedidos de trabalho de graça, de ongs, de cultos religiosos, de escolas, de empresas falimentares, de meninas mimadas, de editoras sem noção, de tudo quanto é tipo.
Para estes, ignorá-los não se tornou apenas uma opção, virou uma necessidade.
O Efeito Borboleta
Só pra entenderem o que isso causa, há 20 anos os valores pagos por ilustração eram bem diferentes. Tudo bem que antes não existia computador e tudo era feito na raça, mas a relação entre valor e direito de uso de imagens não mudou.
A diferença é gritante, principalmente no meio editorial. Uma ilustração de página dupla que hoje sai por uns R$600,00 antes era o dobro do valor, e até mais do que isso. O achatamento dos valores foi progressivo até chegar o que é hoje. E sabe o que é pior? O achatamento não parou por aí. Vai continuar até chegar na espessura de uma panqueca. E, se isso acontece em uma das maiores editoras do Brasil, imagine o que não acontece nas Boca-de-Porco Publishings?
Cheguei a pegar uma época em que ser ilustrador era sinônimo de ser rico, sem exageros. Ganhava-se muito bem, e foi um dos motivadores de eu largar a Biologia pela Ilustração. Não me arrependi de ter feito a troca, mas fico triste e ensandecido quando vejo o respeito financeiro que a ilustração vem tomando no Brasil, o suficiente para cogitar a possibilidade de trocar de país.
Até mesmo Cacilda Becker, cansada de receber pedidos de convites de graça das suas peças de teatro, grudou um recado no vidro da bilheteria dizendo: “Não me peça de graça a única coisa que tenho pra vender”.
Autor: HiroLink do texto original: http://www.monicafuchs.com.br/site/?p=445
Eu sempre ouvi relatos no meio editorial sobre obras nacionais que simplesmente encalhavam nas prateleiras das bancas e livrarias. Os motivos são os mais diversos: Recusa do público devido a baixa qualidade (em todos os aspectos da obra) do produto em questão; Desconhecimento do publico em relação ao produto, devido a um trabalho de divulgação ineficiente. E o motivo que venho abordar aqui: falta de interesse, puro e simples, do público em relação a se "aventurar no novo"!
Quanto a esse ultimo motivo, eu pensei por algum tempo. as vezes,uma obra BOA de fato, pode simplesmente ser um fracasso de vendas apenas por que o pequeno contingente de leitores "desbravadores" não foi o suficiente pra alcançar as metas de vendas, e assim, pagar as continhas da produção.
Pra esse pequeno numero de leitores que estão sempre se aventurando a procura de coisas novas, vai o meu parabéns! Vocês fazem a SUA parte.
Para esses que não compram nada a não ser que meio mundo tenha lhe dado a certeza de que de fato aquilo é BOM, não digo nada, pois o dinheiro é seu e você faz dele o que bem entender.
Então, povo desbravador, infelizmente cabe a vocês a tarefa de ajudar ainda mais esse mercado a "nascer". Sei que é pouco de mais pedir pra que façam além do que já fazem. Porém,sinto que devo fazer isso! Não se trata de muito: quando encontrar uma obra que você ache que vale a pena, compre duas, uma pra você e outra pra presentear alguém. Sei que pode parecer descabido sugerir algo assim, mas veja dessa forma: é um pequeno preço a se pagar, tendo em vista as obras de qualidade que podem aparecer pra você, caso esse mercado "fantasma" consiga tomar fôlego e sustentar-se com as próprias pernas depois dessa ação de incentivo praticada por vocês, público que se aventura no novo. Fazendo isso, vocês estariam duplicando as vendas, e talvez, assim, certas obras conseguissem o devido reconhecimento, ao invés de simplesmente morrerem sem sequer ter tido um lugar ao sol ( por que ninguém vai chegar aqui pra dizer na minha cara que em todo esse tempo de quadrinho nacional, nunca saiu nada que preste, de fato ¬¬).
Só mais uma coisinha: uma das coisas que matam um artista é esse silencio que o publico mantem. Converse com seu autor. Mande emails. Diga o que você gostou e o que não gostou. Mostre a direção a ele. Afinal, você é o leitor. Ninguém sabe mais o que seria bom pra se ler do que você próprio ¬¬. Não espere que ninguém já apareça como um mestre dos quadrinhos com uma obra prima em mãos prontinha pra ser lida. Participe. Opine. Faça sua parte.
Em fim... É isso. É o que eu acho, e independente de ser ouvido ou não, farei minha parte, pois ainda tenho esperança.

Aderindo a um movimento iniciado por uma campanha no blog do Alexandre Nagado ( campanha criada pelo próprio),resolvi dar uma força, postando tal campanha aqui também.
Essa campanha consiste no seguinte:
Com o intuito de divulgar o HQ, aumentar seu poder de alcance e também o seu publico, o Alexandre Nagado, usando de toda sua experiência no meio, resolveu criar uma HQ com função didática destinada ao publico que ainda não lê ou simpatiza com o bom e velho HQ.
Exato!É essa mesmo que você vê acima!
Basicamente, a idéia é repassar essa pequena HQ pra o máximo de contatos, não só na internet como pessoalmente, usando de artifícios como impressão ( visto que é uma HQ muito pequena, de apenas uma pagina) e etc.
Você faz a sua parte salvando e repassando essa HQ pra algum amigo ou amiga que não seja iniciado no mundo das historias em quadrinhos e só, deixe que a mensagem da HQ faça o resto sozinha. Faça sua parte pra melhorar a visão que muitos tem sobre HQ. Mostre que HQ não é nada além de uma forma de entretenimento como todas as outras.
PS: você também pode baixar a HQ em pdf com alta qualidade aqui>>
http://www.sendspace.com/file/2u(caso queira imprimir e colar em qualquer lugar que muitas pessoas possam ver...e se possível ate LER)
Inova-x ^^